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Sobre a Companhia

A Téssera Companhia de Dança da Universidade Federal do Paraná é uma referência no cenário artístico nacional, com reconhecimento conquistado ao longo de uma trajetória de mais de 35 anos de trabalho ininterrupto.
Ao desempenhar o papel de grupo artístico, sua atuação engloba tanto a criação de obras coreográficas como a produção de conhecimentos relacionados à dança, incluindo o comprometimento com a formação de profissionais e com a difusão da dança.
Desde sua fundação, no Departamento de Educação Física em 1981, a história do grupo é marcada por constantes modificações: Inicialmente nominado ‘Grupo de Danças da UFPR’, trazia em si a proposta e a possibilidade da popularização da prática da dança, tendo como principal objetivo a reunião de alunos de diversos cursos da instituição, interessados na prática da dança, sem haver a necessidade de demonstração de conhecimentos técnicos aprofundados.
Acolhido inicialmente pelo CED (Centro de Educação Física), o grupo se constituía com mais de uma centena de pessoas e, sob a direção de Vera Domakoski e Rafael Pacheco, se dividia em categorias iniciantes e adiantados. Nesse período, as criações utilizavam a congruência da coletividade, e o trabalho do grupo funcionava como uma comunhão por meio da dança, materializando a proposta de popularização e massificação da prática da dança.

Vera Domakoski enxergava na dança um imperativo social, capaz não só de garantir uma melhor qualidade ao tempo livre dos jovens, mas também de oferecer oportunidades mais amplas aos que apresentassem um melhor nível técnico ou aptidão. Acreditava na importância de garantir, não só aos estudantes, mas a toda comunidade, o acesso à arte da dança e aos métodos de preparação corporal para seu desempenho.
A primeira ruptura marcante refere-se ao desenvolvimento e aprimoramento da técnica. Em meados de 1984, dentro do grande número de integrantes do elenco, um pequeno grupo aparenta maior nível técnico, apresentando potenciais habilidades específicas. Cria-se, então, um núcleo de pesquisa e trabalho em dança moderna que desenvolve suas atividades paralelamente.
O restrito grupo passa a buscar o desenvolvimento técnico corporal mais apurado, com trabalho intensivo voltado à criação e performances artísticas, sob a direção de Rafael Pacheco. As propostas estéticas, originárias de sua experiência como ator e diretor teatral, passam a germinar e emergir, intensificando as atividades do grupo com um programa diário dividido entre aulas práticas, laboratórios de improvisação e composição coreográfica, além de ensaios e apresentações constantes.
No ano de 1985, o Grupo se instala nas dependências do Prédio Histórico da UFPR, se vinculando a antiga Pró-reitoria de Órgãos Suplementares, atual Pró-reitoria de Extensão e Cultura.
A consolidação da identidade coreográfica começa a surgir a partir de 1986, quando elementos das artes cênicas começam a ser revisitados pelo grupo em suas pesquisas, redefinindo a identidade estética dos trabalhos coreográficos. As aulas passaram a ser divididas de modo a conterem experimentações laboratoriais do gesto cênico, propostas originadas dos estudos de textos de Constantin Stanislawsky e Jerzy Grotowsky, além dos exercícios propostos partindo das teorias de Rudolf von Laban, rumo a busca do gesto significativo.
A relação de Rafael Pacheco com Eva Schul fora determinante para o trabalho rumo à evolução técnica do grupo. Professora e coreógrafa com ampla experiência em dança, quando presencia o trabalho do grupo, identifica a relação direta entre as atividades desenvolvidas e suas similaridades com a dança moderna, incentivando o diretor sobre a investir na qualificação técnica dos bailarinos.
Gradativamente o grupo se transforma e, após sucessivas seleções, se reduz ao formato de um elenco de quinze integrantes, que vislumbram, por meio da linguagem da dança, algo além do lazer e entretenimento: a produção da arte como foco principal. É a consolidação do trabalho técnico formulado a partir da dança moderna.
Dento da história de produções artísticas da Companhia, High Society é a obra considerada ‘o divisor de águas’. Criada em 1983, é estruturada a partir dos elementos da dança-teatro e seu conteúdo remete a uma espécie de crítica ao comportamento do indivíduo em sociedade. Neste período são desenvolvidos trabalhos que causam um ‘estranhamento’ no público em geral, devido às suas peculiaridades, inovações e propostas estéticas diferenciadas.
Essa nova fase traz uma abordagem corpórea mais teatral ao Grupo, que progressivamente se apropria de uma linguagem própria, descoberta na ampliação dos símbolos, na expressividade teatral dos textos de grandes autores, em um universo de possibilidades imponderáveis.

As obras compostas colocam ao alcance do público uma nova forma de se ver a dança. A ideia geradora do movimento coreográfico passa a poder se originar de todo e qualquer material criativo, que começam a tomar forma e expressão em obras como Fly, coreografiaque sinaliza a transformação das propostas artísticas.
A partir da criação de Lamentos, uma obra coreográfica com caráter notadamente expressionista, com música de Gustav Mahler (chamada Canção para Ninar Crianças Mortas) o Grupo tem contato pela primeira vez com as ideias contidas nas obras do francês Antonin Artaud (1896-1948) e seu ‘teatro da crueldade’. Inicia-se, então, a fase em que as propostas coreográficas definem a ‘marca registrada’ da Companhia, com cunho ritualista impresso em cada uma das cenas, criadas a partir da energia orgânica, do gesto significativo, da concentração e do potencial criativo do corpo em movimento.
Os grandes destaques desse período são duas coreografias de estruturação bastante distinta: Celacanto (de Rafael Pacheco), um solo criado a partir da abstração de movimentos baseados nas características e energia orgânica dos animais, e Hall Of Mirrors (de Eva Shul), uma coreografia marcadamente contemporânea e vanguardista, criada a partir da composição musical do grupo alemão Kraftwerk, com uma proposta de questionamentos sobre um mundo de imagens e aparências enganosas. Essas duas obras foram as grandes vencedoras do V Festival de Dança de Joinville, em 1987, nas modalidades solo contemporâneo e dança contemporânea.
Em 1988, no anseio de uma projeção nacional, o Grupo desejou tornar conhecida sua identidade ritualística e a opção foi de percorrer o caminho dos festivais nacionais de dança, em destaque o Festival de Dança de Joinville, o Festival do Triângulo Mineiro, em Uberlândia-MG e o Encontro Nacional de Dança (ENDA-Brasil). Iniciava-se, deste modo, a trajetória vitoriosa do Grupo de Dança da UFPR nos mais importantes festivais, encontros e mostras de dança no Brasil.
Em 1988, a coreografia Cruel Inocência conquistou no Festival de Dança de Joinville, além do 1º Lugar na modalidade dança contemporânea – categoria profissional, o 1º Lugar Geral do Festival (troféu transitório) sendo consagrada, também, por ser vencedora do II Festival de Dança do Triângulo e do ENDA Brasil (Encontro Nacional de Dança) em São Paulo.
Após o cumprimento da extensa agenda direcionada às viagens estaduais e nacionais, no primeiro semestre de 1989, o Grupo de Dança da UFPR se prepara para dançar no VII Festival de Dança de Joinville, com uma obra inédita criada por Rafael Pacheco. Viajem, coreografia considerada como uma das mais emblemáticas da história do Grupo, conquistou todos os prêmios possíveis em festivais nacionais, recebendo comentários positivos da crítica especializada e gerando, mais tarde, a primeira montagem completa (espetáculo com uma hora de duração) a partir da releitura coreográfica da obra original.

A proposta do Grupo de Dança é possibilitar o desenvolvimento de uma linguagem cênica própria, de modo a provocar algum impacto na plateia, apresentando obras coreográficas com uso intenso de simbolismos e com variadas possibilidades de leitura.
A obra que ilustra essa fase é A Aparição do Whaithi. Além de buscar uma estrutura cênica pós-moderna, com cenários e figurinos futuristas, utiliza os próprios bailarinos como fonte originária de sons e palavras sem sentido específico, gerando a ‘partitura musical’ que conduz às cenas coreográficas, composta por meio da improvisação estruturada e com características das linguagens de performances e do work in process.
A fase de grandes conquistas e projeção nacional do trabalho, com participação e sucesso no circuito de festivais de dança, caracteriza-se como ferramenta para consagração de sua maneira de ver e fazer a dança. A partir de 1990, o circuito dos festivais e mostras competitivas de dança é abandonado e o grupo se aventura em produções coreográficas mais extensas, com a possibilidade de realizar pequenas turnês pelo interior do Paraná.
A seleção do Grupo pela Funarte-Brasília permite a divulgação do trabalho da Companhia por meio da circulação de seu espetáculo, tendo a estreia da turnê no Rio de Janeiro no Teatro Cacilda Becker. A apresentação teve lotação completa, assim como no posterior ‘bate-papo’ entre o público e os artistas.
Em 1991, a partir da releitura de sua própria obra, Rafael Pacheco reestrutura Viajem, um espetáculocujo título indica o imperativo do verbo viajar. Com temática polêmica, envolvendo o movimento nazista em sua narrativa, o coreógrafo aborda os campos de triagem da Segunda Grande Guerra e reforça o caráter sígnico da coreografia, incluindo à trilha sonora temas que remetem à ideia dos campos de concentração. Na cenografia, de grande impacto visual, plataformas e passarelas que se estendem do palco à plateia, criando uma espécie de trilhos simbólicos, como numa plataforma de estação ferroviária – onde se distribuem os intérpretes (bailarinos, atores, barítonos e figurantes especialmente convidados para encenação desta coreografia). O material gráfico produzido para a temporada causou bastante repercussão na mídia, por ter como símbolo a suástica nazista e, com a proliferação deste material (cartazes, flyers, painel de rua, flâmulas), várias manifestações e uma mobilização intensiva fazem com que o então Reitor da UFPR, Carlos Faraco, decida subir ao palco na estreia do espetáculo e pronunciar-se em relação ao direito à livre expressão.
Embora polêmica, a coreografia Viajem, dedicada ao Movimento Nacional e Internacional pelos Direitos Humanos, obteve sucesso de público e crítica em todas as suas apresentações.
Outra coreografia da década de 1990 que merece destaque é Pessoas Marcadas. Trata-se de uma obra de bastante mérito no repertório da Companhia, pois, para a elaboração deste espetáculo, a preparação dos bailarinos foi para além da técnica corporal, exigindo, também, preparação para a expressão vocal, impostação e técnicas variadas de respiração, visando à habilidade de falarem textos variados da obra de Bertolt Brecht (1898-1956) durante as sequências coreográficas.
Em março de 1995, ano que o Grupo de Dança passa a se denominar Companhia de Dança da UFPR, e a ex-bailarina do grupo Cristiane Wosniak assume o posto de coreógrafa residente, cuja função desempenha até os dias de hoje.

O reconhecimento internacional veio em 1996, quando a Companhia viaja à Europa para participar da 6ª Bienal Universitária de Dança – intitulada Brésil Autres Danses – realizada em Lyon-França. Após convite oficial, a Companhia seleciona dez bailarinos que viajam acompanhados do diretor Rafael Pacheco e do diretor de trilha sonora, César Sarti. A apresentação mescla trabalhos consagrados do repertório acrescentado a pequenos solos e duetos, e a companhia surpreende os franceses pela qualidade técnica e interpretativa apresentadas.
Em sua apresentação internacional ao lado de companhias francesas, canadenses, coreanas e americanas, a Companhia expõe as obras coreográficas: A Aparição do Waithi, Tem Ar Dentro, Leyllas e Um Poeta, Divisão dos Sentidos (versão solo), Cruel Inocência e Viajem. Com elas, a Companhia de Dança da UFPR alcança o reconhecimento e elogios da crítica, justamente por fazer alusão ao objetivo do encontro: propor e apresentar trabalhos vanguardistas, contemporâneos e com pesquisa de novas formas coreográficas.
A comemoração dos quinze anos da Companhia (1997) conta com um trabalho que alia dança e tecnologia, diálogo este que vinha sendo pesquisado há algum tempo e pôde ser posto em prática a partir da ajuda de custo por parte da administração da UFPR no último ano da gestão do Reitor José Henrique de Faria, iniciado então o processo da sua produção. Estruturas cênicas são construídas para o espetáculo, com telões em várias posições no palco, imagens simultâneas, transmitidas por cabos, filmadoras e softwares conectados a terminais de computadores, dispositivos eletrônicos, microfones, TVs, multimídia e até mesmo simples sequências de slides, projetados e utilizados em cena pelos intérpretes. Trata-se de extensões tecnológicas utilizadas na obra O Senhor da Noite.
O uso de tecnologias somado à técnica e pesquisa para a criação de movimentos corporais, bem como os elementos constituintes da obra, como figurinos, iluminação, sonorização e cenários, atribui a coreografia e, consequentemente, ao trabalho desenvolvido pela Companhia, um caráter de valorização da interação de múltiplos elementos na cena.
Em 1998 a Companhia, em fase de transição de elenco, acolhe diversos atores-bailarinos, e pretendendo um diferencial em sua criação coreográfica, dá início às pesquisas e estudos de uma nova obra: A Vaca. Concebida a partir de um rigoroso estudo analítico dos signos presentes na contemporaneidade, e aplicando intensa dose de ironia e paródia, o que inclui usar em cena uma escultura de uma ‘vaca cenográfica de pernas para o ar’, a obra traz a proposta de uma ambientação cênica que alterna jogos e sequências de movimentos, atuações performáticas, inserções de canto lírico, textos falados ao vivo, vitrine viva, dublagens e karaokê.

A virada do milênio traz para a Companhia uma vontade de aglutinar forças e perspectivas e o grande destaque do período é a nova nomenclatura do grupo, que em março de 2000 passa a ser Téssera Companhia de Dança da UFPR.

Téssera, palavra de origem grega que significa ‘quatro’, faz uma alusão aos quatro fatores de movimento utilizados na concepção das aulas e processos criativos da companhia: espaço, tempo, forma e movimento, sendo mais do que um simples nome para a Companhia de Dança da UFPR.
No ano de 2000 A Téssera obtém a aprovação de um projeto cultural na Lei de Incentivo à Cultura Municipal, cuja consequência é o apoio financeiro da empresa Siemens do Brasil para a criação e produção de mais uma obra inédita: Tolerância Zero.
Em 2002 desenvolve um trabalho de pesquisa voltado à Tradução Intersemiótica entre duas linguagens diferenciadas, a verbal e a não verbal, ou seja, entre a palavra escrita e o gesto.Cristiane Wosniak constrói o roteiro coreográfico de Aniversário, a partir deuma releitura de um dos contos de Clarice Lispector.
No mesmo ano, Rafael Pacheco propõe mais um trabalho polêmico para a Companhia: Transgressão do Medo, coreografia em que os elementos da dança-teatro se fazem presentes de forma simbólica e sígnica, onde personagens transformam jogos rituais de maneira a exacerbar dualidades em uma constante. Esta obra foi convidada para fazer o espetáculo de encerramento do 13º Festival de Dança de Cascavel, no Centro Cultural Gilberto Mayer.
Em 2003, a proposta é divulgar a produção artística da UFPR por cidades do Estado do Paraná e, na temporada oficial de 2º semestre (em dezembro), se apresenta no Teatro Experimental da UFPR (TEUni), com o espetáculo Fragmentos da Alma, contendo, no 1º ato, quatro coreografias de Cristiane Wosniak que propunham alguns elementos de dança e teatro na cena e, no 2º ato, a composição da obra título ao espetáculo – Fragmentos da Alma.
Em junho, de 2004, a Téssera Companhia de Dança é selecionada a integrar as atividades artísticas propostas pelo Circuito Cultural Banco do Brasil, com as apresentações de dança – Dialogue e Plusz – na abertura da peça teatral Quadrante com Paulo Autran, no Auditório Bento Munhoz da Rocha Neto – Guairão.
A partir de 2006, a Téssera Companhia de Dança decide propor, além das pequenas coreografias criadas com o objetivo de ocupar eventos e espaços alternativos, duas obras inéditas anualmente e, de modo a revezarem-se na autoria e proposta, os coreógrafos objetivam demonstrar panoramas distintos entre processos e produtos de dança.
Com métodos e resultados diferenciados, alcançados das abordagens do corpo em movimento, a partir de uma ideia pré-estabelecida, as obras coreográficas incidem provocando estados de versatilidade e ecletismo, além da possibilidade do elenco exercer e praticar variados modos de pensar e fazer dança. São exemplos deste período, as obras: Diabliposa e Encartes.
Prestes a comemorar 25 anos de existência, a Téssera inicia os ensaios de O Anjo Negro, um espetáculo que propõe uma reflexão e discute cenicamente conceitos como fé, esperança e perversidade.
Em 2008, Cristiane Wosniak propõe à Companhia uma nova pesquisa a partir do conto A Imitação da Rosa (de Clarice Lispector), o que resulta na criação da coreografia Rosas.
Outra produção coreográfica significativa da época, criada no 2º semestre do mesmo ano, é Silêncio, de Rafael Pacheco, apresentada no Teatro Experimental da UFPR (TEUni) onde, devido à proximidade entre plateia e palco, favorece o caráter intimista proposto pelas cenas.
Em 2009, Juliana Virtuoso passa a integrar a equipe técnica da Unidade de Dança Moderna da UFPR. Bailarina da Téssera Companhia de Dança desde 2003, assume o cargo de coreógrafa após ser aprovada em concurso público no ano anterior, atuando de imediato como assistente nos ensaios e montagens da Companhia. Nesse mesmo ano, os coreógrafos decidem reeditar o projeto de preservação, visibilidade e atualização de algumas peças do repertório, com a finalidade de circular e ‘contar a sua história dançante’.
A comemoração pelos trinta anos se inicia com a remontagem de obras que se reconfiguram nos espetáculos denominados Tempo e Diacronia, e culmina com a apresentação de Arthur, coreografia com narrativa ritualista que coloca em cena personagens simbólicos inspirados em lendas e histórias medievais; tem estreia no Teatro Experimental da UFPR, em novembro de 2010, e reapresentação no Teatro da Reitoria da UFPR em março de 2011.
É lançado Téssera Companhia de Dança da UFPR: 30 anos, livro escrito por Cristiane Wosniak que resgata a história do grupo e mapeia sua trajetória evolutiva, tornando-se, também, parte integrante das comemorações do centenário da Universidade Federal do Paraná.
Ainda em 2011, como parte das atividades programadas para a comemoração dos trinta anos da Companhia, estreia o espetáculo Só em Acapulco, coreografia que traz à cena uma leitura aberta da estética brechtiana.
Bertolt Brecht (1898-1956) desenvolveu suas obras em meio ao surgimento e ascensão do nazismo, brotando como uma antítese a todas as formas de opressão. Ao ser obrigado ao 'exílio', torna-se um homem só, arrancado de sua pátria, de sua cultura e das marcas de sua identidade social, passando a conviver com novas estruturas sociais que lhe proporcionaram estranhamento, perante o outro e a si mesmo. Este é contexto no qual se desenvolve a proposta do espetáculo, com situações de estranhamento, cenas non sense, e atitudes inusitadas frente às propostas e jogos coreográficos. O elenco dá vida a personagens metropolitanos que desfilam e dançam em meio a um suposto Brecht encarnado como 'sujeito contemporâneo', aturdido em suas reflexões e pensamentos críticos, o que resulta em uma das mais significativas obras da Téssera.
Durante o 2º semestre de 2011, a coreógrafa Cristiane Wosniak cria Valsa 30, em uma alusão à comemoração dos 30 anos da Companhia, somados às comemorações do centenário da UFPR, além do centenário de nascimento do dramaturgo brasileiro Nelson Rodrigues. A opção recai sobre a peça teatral psicológica, Valsa Nº 6, escrita pelo dramaturgo em 1951 e que toma forma, sob o movimento dançante.
Em 2012, o espetáculo Lapses, com coreografia e direção de Rafael Pacheco e trilha sonora de Helen de Aguiar, encerra a trilogia dos estudos e pesquisas do coreógrafo em relação às diferentes interpretações simbólicas do universo dos anjos e arcanjos. Anteriormente, foram criadas as obras coreográficas O anjo (1995) e O anjo Negro (2006), sendo Lapses, o fechamento de suas ideias para o tema.
Em 2014, no primeiro semestre, Rafael Pacheco cria A Téssera vai Dançar/Coelhos, uma coreografia com temática relacionada à ultraviolência, que abre possibilidades para reflexões sobre questões de gênero, e no segundo semestre é apresentada a coreografia LimoNada Nada Concreta, de Cristiane Wosniak, obra que traz uma homenagem ao poeta concretista Décio Pignatari (1927-2012), ambas com trilha sonora de Helen de Aguiar.
Devido ao grande sucesso alcançado pelo espetáculo Coelhos, a Téssera leva parte de seu elenco – personagens – para performances nas ruas do centro de Curitiba, e posteriormente remonta e reapresenta a coreografia em duas novas temporadas, em 2015, no Teatro da Reitoria.

No ano de 2016 a bailarina Helen de Aguiar, integrante do elenco desde 1999, é aprovada em concurso público e assume o cargo de coreógrafa da Unidade de Dança Moderna da UFPR, passando a atuar efetivamente na equipe técnica.

No mesmo ano a Companhia apresenta Intermedi(ações), como parte integrante das comemorações de seus 35 anos, uma exposição criada a partir da seleção de nove obras coreográficas significativas e suas relações intermediáticas. Exibida noMusA (museu de arte da UFPR), propõe um encontro relacional entre diferentes matrizes intermediais: peças de figurinos, adereços, fragmentos de cenários, iluminação e trilha sonora criam microambientes a partir dos significados das coreografias que, junto com as performances diárias do elenco, permitem ao público uma experiência viva, dinâmica, sensorial e interativa.
O marco coreográfico da comemoração é a apresentação do espetáculo Black Dog, em novembro de 2016, no Teatro da Reitoria da UFPR. A coreografia, pesquisada e construída ao longo de 18 meses, expõe um tema atual e relevante: a depressão. Com um roteiro coreográfico construído a partir de seis sintomas marcantes do maior transtorno psicossocial da atualidade (segundo a organização mundial da saúde), revela em cena uma grande densidade interpretativa, despontando sentimentos contrastantes e alta carga emocional. O espetáculo atinge uma proporção que torna necessária sua reapresentação, com temporada de mais cinco dias em junho de 2017.
No segundo semestre do mesmo ano, Juliana Virtuoso assume a frente da Companhia para iniciar o processo de criação da obra que marca sua estreia como coreógrafa da Téssera.
Partindo de um estudo aprofundado e de intensa pesquisa sobre o tema, compõe um espetáculo que tem por objetivo estético a essência e a fonte de energia vital da figura feminina. Nasce, então, o “Aquela que é”, colocando em cena intencionalidades como força, generosidade e sensibilidade, em um universo que se confirma no criar, manter e continuar.
A coreografia Aquela que é teve sua estreia em novembro de 2017 e reapresentações durante o primeiro semestre de 2018, com temporada oficial no Teatro da Reitoria e apresentações no litoral paranaense.
O espetáculo inaugura uma nova fase dentro da história da Companhia, por irromper com alguns elementos cênicos (como, por exemplo, o uso do tempo e o padrão de sequências de movimentos), demonstrando uma transição nos modos de criação coreográfica na mesma medida que mantêm a identidade estética da Téssera Companhia de Dança da UFPR.
Destaca-se que, no ano de 2018, a dedicação da Companhia recai sob reapresentações e viagens, com novas temporadas de “Aquela que é” no Teatro da Reitoria, no interior e litoral do Estado do Paraná, além de apresentações de solos e processos coreográficos de menor porte em eventos da Instituição.
No início de 2019 a rotina de aulas e ensaios é realizada com foco na participação da Téssera Companhia de Dança da UFPR no Festival de Teatro de Curitiba, com temporada de três dias no Teatro Novelas Curitibanas, com Aquela que é, e a apresentação de dois solos em formato de work in progress, da coreógrafa Helen de Aguiar, seguido de bate papo sobre processos de criação em dança moderna.
Com sucessiva rotina de aulas, processos de criação e ensaios, a partir do mês de abril, direcionou atenção à temporada de espetáculos em cartaz no mês de Junho/2019, com a remontagem de “Só em Acapulco” - coreografia e direção de Rafael Pacheco. Após as apresentações no Teatro da Reitoria da UFPR, o trabalho foi adaptado para participação no 29º Festival de Inverno da UFPR em Antonina/PR, em um formato mais intimista para ser apresentado no espaço cultural Ademadan.
Em setembro do mesmo ano, o corpo de coreógrafos da Unidade de Dança decide reativar um antigo projeto, sugerindo um formato de espetáculos alternativo (coreografias de curta duração) adequável a diferentes espaços físicos. Assim, foi criado o “Projeto Sete”, com apresentações nos dias 20, 21 e 22 de setembro, e reapresentações no 1º Festival UFPR – Ciência, Cultura e Inovação, nos dias 27 e 28. São partes integrantes deste programa de espetáculo “Santo Bizarro”, de Juliana Virtuoso, a coreografia “K”, de Rafael Pacheco, o conjunto masculino “Fracção”, de Cristiane Wosniak, e os solos “A moça na Torre”, “Similitude”, “Retrosseguir” e “Spectral”, da coreógrafa Helen de Aguiar. A boa aceitação do público para o formato alternativo resultou na adição de mais uma temporada para a Companhia, sendo agora, anualmente, duas oficiais – 1º e 2º semestres – e a temporada Sete, em setembro, com formatos diferenciados.
No ano de 2020 o mundo foi surpreendido pela pandemia da Covid-19 e logo após seu processo seletivo, o elenco da Téssera passou a trabalhar remotamente, mantendo suas aulas e procedimentos criativos, tendo em vista manter a continuidade de seus processos artísticos.
A percepção de que o distanciamento social criara uma lacuna na existência daqueles corpos, que diariamente se colocavam a dividir o mesmo espaço/tempo nos processos artísticos, impulsiona para o surgimento de “De dentro para fora – o Artista e a Téssera”.  O projeto consiste em uma série de vídeo depoimentos, com participações de atuais e ex-integrantes da Téssera Companhia de Dança da UFPR, concebidos e editados pela coreógrafa Helen de Aguiar. Ao todo foram criados 18 trabalhos videográficos, apresentados semanalmente nas redes sociais da Companhia entre os meses de junho e novembro de 2020.
Em 14 de outubro, a convite da Orquestra Filarmônica da UFPR, a Téssera participou de “Trombeta de Anjo”, de autoria de Rodrigo Flamarion. A coreografia solo foi criada especialmente para a ocasião e o projeto artístico (obra em vídeo) foi parte da programação do 30° Festival de Inverno da UFPR.
Ainda em caráter de mobilização, Juliana Virtuoso inicia um processo artístico [solo] à distância, experimentando diferentes modos de interação entre coreógrafa, bailarino e proposta coreográfica por meio de encontros virtuais. O processo resulta na obra “Imanente”, apresentada no ‘Espetáculo Virtual’ em 18 de dezembro de 2020. Na ocasião, é também apresentada a obra “Spectral”, de Helen de Aguiar, um solo criado em 2019 e adaptado e dirigido para novo formato (audiovisual).
O histórico do grupo permite a percepção de que suas modificações progressivas são o resultado das possibilidades permitidas por cada um dos contextos vivenciados, tanto no sentido de apoio institucional, como no aprimoramento e domínio técnico e artístico consolidados gradualmente pelas experiências e vivências dos dirigentes e do elenco.

A estruturação da Téssera Companhia de Dança da UFPR se caracteriza como um agente em constante transformação, com uma dinâmica que inclui o tempo, o conhecimento e as relações entre os indivíduos que a compõem e sua consolidada concepção artística, que utiliza os fundamentos formativos e estéticos da dança moderna como forma de pensamento e ação para os corpos, movimentos e performances.

TÉSSERA Companhia de Dança da UFPR

Pça. Santos Andrade, 50 - 1º andar
Curitiba - Paraná
(41) 3310-2708 - tessera@ufpr.br

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